Pouco mais de 165 mil pessoas no
Brasil podem ser consideradas milionárias, segundo um relatório divulgado pela
consultoria Capgemini e pela RBC Wealth Management. Uma minoria que está longe
de representar 1% da população do país, hoje de 193 milhões de habitantes. Mas
no Recife, onde o preço do metro quadrado subiu 25,9% nos últimos 12 meses,
segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) o mercado dos
imóveis de luxo é um nicho que ainda tem muito a crescer.
Para atrair os compradores com muitos zeros na conta bancária, as construtoras
do estado investem pesado em diferenciais que ultrapassam a escolha de áreas
nobres da capital pernambucana. Os imóveis que enchem os olhos dos afortunados
têm confortos como piscina aquecida, sala de massagem e ambientes com vista
para o mar. Não uma simples vista, claro.
É o caso do Edifício Maria Ângela
Lucena, localizado na avenida Boa Viagem, Zona Sul da cidade. Avaliado em R$
4,2 milhões, o prédio da Queiroz Galvão está cotado entre os mais caros do
Recife. De lá, é possível observar a praia de Boa Viagem da sala de quatro
ambientes, da varanda e das quatro suítes, que compõem os 401 metros quadrados
da área do imóvel. Quem quer um pouco de entretenimento encontra logo no
primeiro dos 40 andares do prédio diferenciais que não param na sala de
ginástica. Há, por exemplo, quadra de tênis e spa.
De acordo com o diretor regional da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário
(QGDI), Múcio Souto, o prédio foi o primeiro a sediar a Casa Cor vertical,
sendo premiado pelo hall social. Mas os atributos não enchem os olhos só de quem
vive lá: do lado de fora, quem passa pela avenida Boa Viagem pode se deparar
com um imenso prédio revestido de granito com inserts, peças metálicas de aço
inox que afastam as divisões do granito em sete centímetros. “A estrutura foi
implementada para aumentar o desempenho térmico, à medida em que cria um
colchão de ar entre o interior do apartamento e a parte externa”, explica Múcio
Souto.
Fatores como localização, segurança e infraestrutura podem elevar o preço do
metro quadrado de um imóvel, de acordo com o empresário Eduardo Feitosa, da
imobiliária que leva seu nome. “Dependendo do padrão, o valor varia. Enquanto
em Alphaville o metro quadrado pode girar em torno dos R$ 4 mil, na Reserva do
Paiva pode variar entre R$ 8 mil e R$ 10 mil”, destaca. Em relação aos
apartamentos, a elevação do preço pode ser creditada também à localização, bem
como ao acabamento e à qualidade dos produtos aplicados ao edifício.
São essas atribuições, por exemplo, que fazem com que um apartamento no
Edifício José Eleutério, também na Avenida Boa Viagem, custe R$ 3,1 milhões.
“Com 303 metros quadrados, divididos entre varanda, sala com quatro ambientes,
quatro suítes, cozinha, dois quartos de serviços e copa individualizada, ele é,
dentre os disponíveis para venda, o imóvel mais caro oferecido pela Moura
Dubeux Engenharia”, garante o superintendente comercial da empresa, Tony
Vasconcelos. O proprietário tem ao seu dispor, ainda, cinco vagas na garagem,
além de um salão de festas, piscina com raias para adulto e criança e quadra
poliesportiva.
O presidente do Sindicato da Habitação de
Pernambuco (Secovi), Luciano Novaes, diz que, no perímetro urbano do Recife, os
imóveis mais valorizados são aqueles localizados no entorno de espaços de lazer
e entretenimento. “Bons exemplos de área valorizada são as proximidades do
Shopping Recife e do Parque da Jaqueira, mas os apartamentos mais caros ainda
são os da Avenida Boa Viagem, onde o metro quadrado fica entre R$ 10 mil e R$
12 mil.”
Até pouco tempo atrás, a cultura de luxuosos conjuntos horizontais também não
existia no estado. Agora, quem passa por áreas como a Praia do Paiva ou, até
mesmo, a BR-232, em Moreno, percebe, literalmente, um cenário diferente. Seja
na cidade ou fora dela, uma coisa é certa: quem quer morar nas proximidades da
praia ou de áreas verdes deve desembolsar alguns zeros a mais.
De acordo com o diretor da Arrecifes
Imobiliária, Frederico Mendonça, Recife já não comporta mais conjuntos
residenciais de luxo. “Apesar de ser uma capital muito sofisticada, a cidade
tem uma pequena extensão territorial, o que faz com que não haja espaço para
condomínios de luxo. O que temos são casas particulares, que se reúnem
sobretudo nos bairros de Casa Forte e Apipucos”, explica.
Ainda segundo Mendonça, existem dois tipos de áreas nobres: as tradicionais,
como o bairro de Boa Viagem e de Apipucos, e as recentes, que surgem à medida
em que a cidade cresce — como as situadas na BR-232 e na praia do Paiva.
“Condomínios como esses podem encarecer não só pela localização, mas também
pelo fácil acesso, pela possibilidade de se implementar uma boa estrutura,
movimentação de riqueza, além do fator demanda”, destaca.
Fonte: Diario de Pernambuco 02/09/2012.